A tecnologia não soube educar seus filhos. Não é de
hoje que percebo o quanto ela nos transformou em criaturas mimadas.
Posso dizer que vi quando ela chegou até nossas casas. Na
minha infância ter um telefone residencial não era pra todo mundo, celular era
coisa de gente rica, e internet então, nem sabia que existia. Pra falar com
alguém que não estava por perto era preciso paciência, se ligasse em casa e a
pessoa não estivesse, tinha que esperar voltar, até deixava recado pra quando
ela chegasse retornar a ligação. Pra quem não tinha telefone, muitas vezes era
necessário ligar para o vizinho e pedir para chamar a pessoa em questão, isso
dava trabalho, ou seja, só ligava se tinha algo importante a tratar e que não
pudesse ser feito em outro momento.
Atualmente falar com alguém é muito fácil. A internet está
no celular, que fica grudado em nossas mãos quase que 24 horas por dia (conheço
gente que dorme agarrado com o aparelho oO). Existem várias formas de entrar em
contato sendo por ligação, sms, whatsapp, chat do facebook, etc. E esse excesso
de facilidade nos transformou em um bando de resmungões. Se alguém demora pra
responder já ficamos irritados (me coloco nesse balaio, infelizmente já me
peguei muitas vezes olhando o celular a cada dois minutos esperando ler a
resposta da pessoa) e a maioria são conversas triviais, nada de importante está
sendo discutido, mas o pior de tudo, é se visualizar e não responder, minha
nossa, aí o mundo acaba (também to nessa ¬¬ ).
E essa urgência que sentimos é totalmente sem sentido.
Passei muito tempo sem me importar com isso, esperava tranquilamente para falar
com alguém na sala de aula, ou no trabalho. Não ficava grudada no celular, mas
admito que meu discman tava sempre comigo, além de muita pilha reserva pra
aguentar o tempo que passava fora de casa.
Mas o que eu considero pior nesse excesso de tecnologia é a
muralha que foi criada. Sim, ela serviu para diminuir distâncias, mas também
fez surgir abismos entre pessoas próximas. Somos zumbis andando pelas ruas,
grudados em seus smartphones, esbarrando em tudo e todos, sem prestar atenção
no que acontece a nossa volta.
Dificilmente combinamos de sair com alguém pra jogar
conversa fora, é tão mais simples abrir uma janela no computador e ficar ali
deitado digitando. Não se convida mais a galera para ir até sua casa ouvir
aquele CD novo, hoje em dia compartilhamos o link do Youtube e tá tudo certo.
Nossos pais não conhecem mais nossos amigos, porque eles estão todos ao alcance
de um click, mas dificilmente visitam a nossa casa.
Eu admito que essa facilidade em conversar com as pessoas é
útil, muitos problemas que demorariam dias são resolvidos em segundos. Mas a
falta do olho no olho, nos transforma em seres distantes, que não visualizam
realmente aqueles com quem estamos conversando. Veja o exemplo disso em
todos os discursos de ódio nos comentários espalhados por aí.
Nos tornamos crianças mimadas que não gostam de esperar
muito tempo por uma resposta e que abominam serem contrariados. A mãe dessa
geração esqueceu de ensinar a seus filhos paciência e compreensão, talvez agora
seria o momento para alguns puxões de orelha e castigos educativos, mas essa
mãe infelizmente é muito permissiva e aparentemente as crianças vão
continuar esperneando enquanto não conseguirem o que querem.
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